Madri, outubro de 2024.- Nos dias 9 e 10 de outubro, representantes das autoridades sanitárias dos países ibero-americanos que integram a “Iniciativa Ibero-Americana Nenhum Bebê com Doença de Chagas” se reuniram com o objetivo de renovar os compromissos assumidos pelos países no âmbito dessa iniciativa, que propõe a união de esforços e capacidades de seus respectivos programas nacionais de prevenção e controle da doença de Chagas.
Também participaram da reunião os referentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Doença de Chagas, Dr. Pedro Albajar, e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Dr. Héctor Coto, além de funcionários da Secretaria Geral Ibero-Americana (SEGIB), da Fundación Mundo Sano, do Centro Nacional de Microbiologia do Instituto de Saúde Carlos III da Espanha, do Instituto para a Saúde Global (ISGlobal), da DNDi e da Coalizão Chagas.
O evento foi inaugurado por Pedro Gullón Tosio, Diretor Geral de Saúde Pública do Ministério da Saúde da Espanha, que enfatizou a importância de defender a saúde global. “A saúde de todos deve ser importante para nós por dois motivos. Mesmo os países com menor incidência da doença de Chagas devem ter uma visão de saúde global com justiça social. Devemos nos preocupar com os problemas de saúde de todos os países do mundo”.
Por sua vez, Pedro Albajar Viñas, diretor do Departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas da Organização Mundial da Saúde (OMS), destacou que 2024 foi um ano de grandes avanços “conceituais” na luta contra a doença de Chagas. “A OMS quer enfatizar que o que é mortal na doença de Chagas é a negligência, a falta de cuidados. Chagas é uma doença potencialmente fatal porque não está sendo tratada como deveria ou como pode ser”. Em outra parte de sua apresentação, ele argumentou que Chagas é uma doença silenciosa e silenciada, e saudou o fato de que espaços como a Iniciativa Ibero-Americana possibilitam quebrar esse silêncio epidemiológico.
Por sua vez, Andrés Allamand, Secretário-Geral Ibero-Americano, disse que a Iniciativa é um exemplo para a Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB), porque articula a cooperação entre a sociedade civil, as organizações internacionais e os órgãos públicos dos países, que é ao que outras iniciativas devem aspirar.
Conheça a Iniciativa Ibero-Americana “Nenhum Bebê com Doença de Chagas”
A Iniciativa visa contribuir para a eliminação da transmissão da doença de mãe para filho por meio de uma abordagem multidimensional, levando em conta estratégias de controle e prevenção de outras formas de transmissão.
A iniciativa funciona sob a liderança dos representantes dos Ministérios da Saúde dos países participantes, que promovem ações de coordenação intersetorial com instituições e parceiros de referência no assunto. Também formou redes de trabalho com especialistas ibero-americanos para sistematizar boas práticas e experiências, desenvolvendo ações de sensibilização e visibilidade sobre a doença de forma transversal e inclusiva nas diferentes áreas de intervenção.
A doença de Chagas continua sendo um problema de saúde pública que envolve a todos como sociedade. “Até agora, os desafios foram grandes e houve um progresso muito significativo na redução do risco de transmissão vetorial da doença de Chagas. Agora é o momento de construir alianças, como esta iniciativa ibero-americana, com um objetivo comum”, disse Marcelo Abril, secretário técnico da Iniciativa e diretor executivo da Fundación Mundo Sano Argentina. “Para controlar a transmissão da doença de Chagas de mãe para filho, é necessário antecipar, diagnosticar e tratar proativamente meninas, adolescentes, mulheres em idade fértil e recém-nascidos de mães com doença de Chagas. É uma ótima notícia ver que os países ibero-americanos assumiram o compromisso de trabalhar juntos para fortalecer os sistemas de saúde e alcançar 'novas gerações livres de Chagas'”, disse ele.
As intervenções territoriais propostas no âmbito da Iniciativa Nenhum Bebê com Doença de Chagas para proporcionar acesso ao diagnóstico e tratamento dessa doença atingem uma população total estimada de 5.534.653 pessoas, das quais 1.256.700 são mulheres em idade fértil e 87.800 são recém-nascidos por ano. Essas populações correspondem às seguintes áreas selecionadas pelos países membros: Chaco, Santiago del Estero e Salta (Argentina), Manaus, Barcelos e Carauari (Brasil), Santander, Tolima e Cundinamarca (Colômbia); Jalapa e Chiquimula (Guatemala) e Puerto Casado no Alto Paraguay (Paraguai).
No âmbito da Iniciativa, são realizadas oficinas de fortalecimento no território sobre a implementação da estratégia ETMI Plus da OPAS e sobre a garantia de acesso à saúde com atendimento equitativo. Além disso, as equipes de saúde de cada país são treinadas, entre outros, por meio do Curso Internacional de Pós-Graduação em Doença de Chagas oferecido em conjunto pela Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Universidade de Buenos Aires (UBA) e a Fundación Mundo Sano.